"...os profissionais de saúde deverão, nos próximos anos, estar dotados de competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) que possibilitem a sua interação e atuação multiprofissional, promovendo e executando ações integrais de saúde que beneficiem indivíduos e comunidades"1.
Um novo cenário
Pacientes cada vez mais exigentes, ávidos por informação, atenção e participação no tratamento. Médicos dedicados, mas ainda perdidos em relação ao conflito entre produtividade, educação continuada, vida pessoal e relação com o paciente.
A rápida mudança de mentalidade na sociedade da informação e na prestação de serviços em saúde não só tem evidenciado a fragilidade do antigo modelo de comunicação, como tem demonstrado a necessidade de mudança em benefício de médicos e pacientes.
A comunicação e os processos por erro médico
Ainda não existem estatísticas seguras sobre o crescimento do número de processos por erro médico no Brasil, mas "a falta de informação, por parte do médico ao paciente, sobre os procedimentos médicos realizados tem começado a aparecer como causa, isolada ou em conjunto com outras, nas ações judiciais por erro médico"2.
Neste novo contexto, ao considerar o médico um prestador de serviço e o paciente um consumidor, a antiga relação paternalista - em que o paciente era totalmente dependente das decisões do médico - tem se convertido para uma relação na qual o paciente é informado sobre sua doença e opções de tratamento, estabelecendo uma relação de empatia e confiança.
A comunicação e a adesão ao tratamento
É consenso que "o sucesso do tratamento é obtido através de uma boa adesão e que a adesão é uma função de qualidade comunicativa relacional entre médico e paciente"3.
Hoje, espera-se que o médico seja capaz de não apenas tratar doenças, mas prover saúde através da prevenção, tratamento e reabilitação, informando e educando pacientes, cuidadores e a comunidade através das melhores técnicas de comunicação.
Problemas antigos
"No ano passado [2005], quase 100 mil pessoas morreram de erros médicos e, em metade dos casos, a causa foi banal: médicos que não foram claros e escreveram com letra ilegível a receita, levando o paciente a tomar doses erradas de um remédio. A situação parece típica de um país de terceiro mundo, mas aconteceu nos EUA. Essa história é usada pelo secretário de Saúde dos Estados Unidos no primeiro governo de George W. Bush, Tommy Thompson, para ilustrar o quanto boa parte da classe médica ainda reluta em usar novas tecnologias para simplificar a relação com os pacientes"4.
Soluções do presente
"... o prontuário médico, aquela pasta que contém todo o histórico médico de um paciente. No futuro, ele será baseado na web. Ou seja, as informações, inclusive as imagens, serão armazenadas e visualizadas em formato multimídia. Isso efetivamente centralizará o prontuário médico em um único lugar da rede, e permitirá que profissionais da saúde e o próprio paciente possam acessá-lo de qualquer ponto do mundo, bastando saber o endereço e ter uma senha para acessar a informação confidencial"5.
1 ALMEIDA, M. J. Ensino médico e o perfil do profissional de saúde para o século XXI. Revista interface: comunicação, saúde e ética. FEV, 1999. 2 SOUZA, N. T. C. Erro médico e 2005. Retirado do portal de ginecologia (http://www.portaldeginecologia.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=275) em 18/12/2006. 3 OLIVEIRA, V. Z., GOMES, W. B. Comunicação médico-paciente e adesão ao tratamento em adolescentes portadores de doenças orgânicas. Estudos de psicologia, 2004, 9(3), 459-460. 4 Folha de São Paulo, 6 de fevereiro de 2006. Responsável pela pasta da saúde na primeira gestão de Bush afirma que muita gente morre por erro banal. 5 SABBATINI, R. M. E. Futuro da internet na medicina. Correio Popular, Caderno Cosmo, 22/09/2000.